domingo, abril 29, 2007

Histeria pós-massacre atira estudante para a prisão

Numa aula de escrita livre um aluno de 18 anos entregou um texto em que falava de tiros, facadas, sexo e fogo posto. O professor suspeitou de tanta violência e o jovem pode incorrer numa pena de 30 dias de prisão.


O texto assinado por Allan Lee estava repleto de cenas de violência extrema, aparentemente o professor dera-lhe liberdade para isso. Agora as represálias legais podem fazer com que este futuro Marine tenha de passar um mês encarcerado.
Aos alunos da disciplina de Inglês criativo do liceu Cary-Grove no norte dos EUA, foi-lhes dito que escrevessem “o que lhes viesse à cabeça” e que não “censurassem nada”.O que Allan fez sem pensar nas consequências.
Mas passagens como “eu entrei no prédio, saquei de duas pistolas e comecei a disparar contra toda a gente, depois fiz sexo com os cadáveres” ou “sangue, sexo e álcool. Drogas, drogas, drogas são divertidas. Esfaqueia, esfaqueia, esfaqueia, vómito”, selaram-lhe o destino e tornaram este aluno de nota 20 numa das primeiras vítimas colaterais do massacre da universidade Virgínia Tech.
Agora poderá ser acusado de comportamento desordeiro e ter de passar 30 dias detido, para além do pagamento de uma multa de 1200 euros.
América ainda em choque
Lee, que na semana passada se havia alistado no corpo de Marines dos EUA, defende-se alegando estar apenas a cumprir o que lhe foi pedido. “É suposto ser apenas lixo. Existe claramente um conteúdo violento, mas estão a retirá-lo do contexto”, alegou o jovem “Na escrita criativa é normal exagerar-se”, sublinhou ainda.
Quem não se deixou ir em cantigas foi o professor de inglês, Jeff Puma. “Não se admirem se o texto servisse de inspiração ao primeiro massacre desta escola”, alertou.
Quanto às razões apresentadas pelo aluno, Puma desvaloriza: “Não era somente linguagem violenta ou sem sentido. Ia muito para além disso”.
O rapaz foi entretanto encaminhado para um programa de acompanhamento e está agora a ser equacionada uma punição a nível escolar, garantiu o mesmo responsável.
O pai do rapaz, Albert Lee, saiu em defesa do filho, alegando que a direcção do liceu exagerou e que o jovem fora sempre um aluno bem comportado, apontando as suas excelentes notas como prova.
Contudo, Lee sabe que o país passa por uma situação complicada - menos de duas semanas após o maior massacre escolar da história dos EUA -, e diz também compreender que se tenha dado o mediatismo que se deu ao caso do seu filho.
Contrariar um desfecho mais pessimista depende do advogado de defesa e da boa vontade dos juízes. Só assim Allan Lee poderá evitar ser apanhado pela onda de choque que se seguiu à carnificina de 16 de Abril na Virgínia, quando Cho Seung-hui abateu a tiro 32 pessoas e suicidou-se.

in http://expresso.clix.pt