"O primeiro-ministro Sílvio Berlusconi está-se a tornar num homem púdico. O político, que tem uma ex-miss no executivo que lidera, mandou tapar o seio de uma pintura do século XVIII para não ferir suceptibilidades.
A pintura em causa pertence a Giovanni Battista Tiepolo, data do século XVIII e está no Palazzo Chigi, o equivalente ao Palácio de São Bento, no local onde habitualmente o chefe de Governo dá as conferências de imprensa.
Paolo Bonaiuti, secretário da Presidência, disse ao jornal 'The Guardian' que o retoque feito na pintura tem como objectivo prevenir as sensibilidades dos telespectadores."
in http://clix.expresso.pt a 4/8/2008.
Pensei que já não se faziam coisas destas actualmente.
Felizmente parece que é uma cópia e não o original(acho estranho, mas espero que seja verdade), mas ainda assim, agora a sala de conferências de imprensa do parlamento italiano tem uma pintura adulterada... mais valia terem tirado e posto outra qualquer, com certeza não faltarão pinturas ao parlamento italiano.
E já agora uma segunda notícia, esta da BBC Brasil e data de 23/07/2008:
"Parlamento da Itália aprovou legislação nesta terça-feira que dá ao primeiro-ministro Sílvio Berlusconi imunidade a processos penais durante seu mandato.
A proposta foi aprovada no Senado por 171 votos a favor e 128 contra. A Câmara dos Deputados endossou a medida no mês passado.
A legislação protege os ocupantes dos quatro principais cargos do país - primeiro-ministro, presidente, e presidentes das duas casas do Parlamento - de processos, pela duração de seus mandatos.
O novo governo de Berlusconi tem uma clara maioria em ambas as casas do Parlamento italiano, e o resultado da votação no Senado não foi surpresa.
A primeira conseqüência da nova legislação é a suspensão parcial de processo criminal em Milão, onde Berlusconi está sendo julgado, juntamente com o advogado britânico David Mills, por alegações de corrupção.
Berlusconi é acusado de Ele é acusado de ter pago para que Mills desse testemunhos favoráveis em dois julgamentos.
Há muito tempo Berlusconi, de 71 anos, vem se queixando de que é vítima da Justiça italiana, tendo enfrentado julgamento pelo menos seis vezes por acusação de corrupção. Mas ele nunca foi condenado.
Agora ele está imune por cinco anos. Se ele deixar o cargo antes, o julgamento em Milão continuará.
Antes da votação no Senado, o ministro da Justiça, Angelinio Alfano, disse que a nova imunidade alinha a Itália a outros países da União Européia.
Mas uma carta de protesto, preparada por cem destacados advogados constitucionalistas, diz que isso só vale em relação a França, Portugal e Grécia, onde é garantida imunidade apenas ao chefe de Estado, mas não a chefes de governo e outras autoridades.
A proposta deve ser sancionada pelo presidente Giorgio Napolitano antes de entrar oficialmente em vigor.
Coincidências!
terça-feira, agosto 05, 2008
terça-feira, julho 15, 2008
Ligações Setúbal-Tróia por Ferrieboat muito mais caras
"A empresa concessionária das ligações fluviais entre Setúbal e Tróia, começou hoje a operar com os novos "ferries" 'Pato Real' e 'Rola do Mar' e com um novo tarifário que representa um aumento significativo dos preços.
Desde as 6h15 de hoje, o preço das viagens em ambos os sentidos aumentou de €1,15 para €2 (passageiros) - mais de 70%; de €5,70 para €9,50 (viaturas ligeiras, incluindo o condutor) - mais 66%; e de €14,50 para €19 (veículos pesados) - mais 31%.
A Atlantic Ferries, do grupo Sonae Turismo, decidiu, no entanto, manter em funcionamento uma das antigos embarcações, que irá assegurar o transporte de passageiros, entre Setúbal e o velho cais da Ponta do Adoxe, a preço antigo (€1,15) mas só até meados de Setembro. A empresa garante também o transporte gratuito (de autocarro) de passageiros que se desloquem de Setúbal para Tróia, entre o novo cais de Tróia, junto às instalações militares dos fuzileiros navais, e a Ponta do Adoxe (antigo cais).
Os novos "ferries", com capacidade para 60 viaturas ligeiras e 500 passageiros, têm uma motorização com cerca de 2.200 cavalos, o que lhes permite atingir uma velocidade de cruzeiro de 12 nós e cumprir o novo percurso (3,7 milhas contra as actuais 1,7 milhas, em cada sentido), em 35 minutos.
Apesar dos protestos, discretos, de alguns passageiros, inconformados com o aumento de preços, os novos barcos estão a operar normalmente, não se tendo registado qualquer incidente durante toda a manhã. De acordo com a Sonae Turismo, no Verão de 2009 a Atlantic Ferries deverá implementar um sistema de passes não nominativos, que se forem utilizados na sua plenitude permitem aos utilizadores usufruírem de viagens a 80 cêntimos.
Além dos novos "ferries" que hoje entraram ao serviço, a Atlantic Ferries adquiriu também dois catamarans - 'Roaz Corvineiro' e 'Garça Branca' -, que têm capacidade para 350 passageiros e uma motorização de 960 cavalos, o que lhes permitirá efectuar o percurso entre Setúbal e a Ponta do Adoxe em apenas 10 minutos. Mas estes novos catamarans só deverão entrar ao serviço em 2009."
in expresso.pt
Nota: Ora, coincidência das coincidências, não é que esta Atlantic Ferries que está a aumentar os preços dos Ferries pertence, por coincidência, ao grupo Sonae Turismo que coincidentemente coincide com o mesmo grupo (Sonae Turismo) que está a construir o empreendimento na "Torralta", onde estão a limitar os acessos à praia (não a proibir, claro! Ora isto é uma democracia ou é o quê?!) para quem não se encontra já no empreendimento.
Bom, mas as coincidências não param aqui. Para se perceber melhor fica uma imagem do empreendimento:
Na imagem, à esquerda, na zona onde é actualmente o cais de ferrieboats, passará a estar uma marina e o cais de ferrieboats passará para a outra ponta da imagem, à direita, e do lado oposto à praia.
Claro que o facto de os ferries passarem a atravessar uma zona considerada importante para alimentação da (cada vez mais reduzida) familia de Roazes (a.k.a. Golfinhos!), foi um dos motivos mais importantes, porque estes já estão muito mais habituados aos ferries (que até serão verdes tipo AlvaladeXXI) que aos iates e veleiros.
Assim, os chatos dos iates e veleiros que fiquem com a areia que o ferries ficam com os roazes, parece-me bem. Além disso, o pessoal do ferrie vai pagar mais mas assim até fica melhor porque o acesso às praias de Grândola “será livre e muito melhor do que era antes”, tal como disse o autarca de Grândola, Carlos Beato, com certeza num momento de humor bem inspirado.
Ninguém proibe de ir a Troia! mas olha ali aquelas praias tão bonitas mais abaixo!
Isto é um bom exemplo da actuação das democracias actuais. Aprenderam com os erros e sabem manipular pessoas cada vez melhor. Não são ditaduras, claro, a maioria de nós votou neles, também não fazem nada contra nós, é para o nosso bem, nós é que não estamos a ver bem e até vamos passar a fazer menos retenções no IRS! Os preços aumentam? os salários quase estagnados?! Nada disso! Baixamos o IVA em 1%! O quê? Ele era 19%?! Quando? Ah! olha ali a novela para a Sra e a bola para o Sr! Do que é que estávamos a falar?
O que mais me chateia é que posso criticar, mas não consigo conceber uma alternativa plausivel e real... isto é, uma versão alternativa à que eu acho que seria a Verdadeira solução.
Puff!
Desde as 6h15 de hoje, o preço das viagens em ambos os sentidos aumentou de €1,15 para €2 (passageiros) - mais de 70%; de €5,70 para €9,50 (viaturas ligeiras, incluindo o condutor) - mais 66%; e de €14,50 para €19 (veículos pesados) - mais 31%.
A Atlantic Ferries, do grupo Sonae Turismo, decidiu, no entanto, manter em funcionamento uma das antigos embarcações, que irá assegurar o transporte de passageiros, entre Setúbal e o velho cais da Ponta do Adoxe, a preço antigo (€1,15) mas só até meados de Setembro. A empresa garante também o transporte gratuito (de autocarro) de passageiros que se desloquem de Setúbal para Tróia, entre o novo cais de Tróia, junto às instalações militares dos fuzileiros navais, e a Ponta do Adoxe (antigo cais).
Os novos "ferries", com capacidade para 60 viaturas ligeiras e 500 passageiros, têm uma motorização com cerca de 2.200 cavalos, o que lhes permite atingir uma velocidade de cruzeiro de 12 nós e cumprir o novo percurso (3,7 milhas contra as actuais 1,7 milhas, em cada sentido), em 35 minutos.
Apesar dos protestos, discretos, de alguns passageiros, inconformados com o aumento de preços, os novos barcos estão a operar normalmente, não se tendo registado qualquer incidente durante toda a manhã. De acordo com a Sonae Turismo, no Verão de 2009 a Atlantic Ferries deverá implementar um sistema de passes não nominativos, que se forem utilizados na sua plenitude permitem aos utilizadores usufruírem de viagens a 80 cêntimos.
Além dos novos "ferries" que hoje entraram ao serviço, a Atlantic Ferries adquiriu também dois catamarans - 'Roaz Corvineiro' e 'Garça Branca' -, que têm capacidade para 350 passageiros e uma motorização de 960 cavalos, o que lhes permitirá efectuar o percurso entre Setúbal e a Ponta do Adoxe em apenas 10 minutos. Mas estes novos catamarans só deverão entrar ao serviço em 2009."
in expresso.pt
Nota: Ora, coincidência das coincidências, não é que esta Atlantic Ferries que está a aumentar os preços dos Ferries pertence, por coincidência, ao grupo Sonae Turismo que coincidentemente coincide com o mesmo grupo (Sonae Turismo) que está a construir o empreendimento na "Torralta", onde estão a limitar os acessos à praia (não a proibir, claro! Ora isto é uma democracia ou é o quê?!) para quem não se encontra já no empreendimento.
Bom, mas as coincidências não param aqui. Para se perceber melhor fica uma imagem do empreendimento:
Na imagem, à esquerda, na zona onde é actualmente o cais de ferrieboats, passará a estar uma marina e o cais de ferrieboats passará para a outra ponta da imagem, à direita, e do lado oposto à praia.
Claro que o facto de os ferries passarem a atravessar uma zona considerada importante para alimentação da (cada vez mais reduzida) familia de Roazes (a.k.a. Golfinhos!), foi um dos motivos mais importantes, porque estes já estão muito mais habituados aos ferries (que até serão verdes tipo AlvaladeXXI) que aos iates e veleiros.
Assim, os chatos dos iates e veleiros que fiquem com a areia que o ferries ficam com os roazes, parece-me bem. Além disso, o pessoal do ferrie vai pagar mais mas assim até fica melhor porque o acesso às praias de Grândola “será livre e muito melhor do que era antes”, tal como disse o autarca de Grândola, Carlos Beato, com certeza num momento de humor bem inspirado.
Ninguém proibe de ir a Troia! mas olha ali aquelas praias tão bonitas mais abaixo!
Isto é um bom exemplo da actuação das democracias actuais. Aprenderam com os erros e sabem manipular pessoas cada vez melhor. Não são ditaduras, claro, a maioria de nós votou neles, também não fazem nada contra nós, é para o nosso bem, nós é que não estamos a ver bem e até vamos passar a fazer menos retenções no IRS! Os preços aumentam? os salários quase estagnados?! Nada disso! Baixamos o IVA em 1%! O quê? Ele era 19%?! Quando? Ah! olha ali a novela para a Sra e a bola para o Sr! Do que é que estávamos a falar?
O que mais me chateia é que posso criticar, mas não consigo conceber uma alternativa plausivel e real... isto é, uma versão alternativa à que eu acho que seria a Verdadeira solução.
Puff!
quarta-feira, julho 09, 2008
Estação polar evacuada
Uma estação polar do Oceano Árctico ocupada por cientistas russos vai ser evacuada devido ao derretimento da placa de gelo em que assenta, revelou hoje a cadeia de televisão norueguesa NRK.
Lusa
"Vamos evacuar de emergência a estação do Norte polar", explicou à NRK Vladimir Strougatski, vice-presidente da Federação dos Exploradores Polares na Rússia.
A placa de gelo em que assenta a estação, a 120 quilómetros do arquipélago norueguês de Svalbard, derreteu consideravelmente, passando de uma superfície de 15 quilómetros quadrados em Setembro de 2007 para 600 metros quadrados hoje, segundo a mesma fonte.
Os vinte cientistas russos que vivem na estação chegaram à placa de gelo em Setembro de 2007 e lá deviam ficar até Setembro próximo.
Um quebra-gelos russo, o Mikhail Somov, deverá partir à noite de Arkhangelsk, no Norte da Rússia, para transportar os cientistas para o continente, segundo a NRK.
in SIC Online
Lusa
"Vamos evacuar de emergência a estação do Norte polar", explicou à NRK Vladimir Strougatski, vice-presidente da Federação dos Exploradores Polares na Rússia.
A placa de gelo em que assenta a estação, a 120 quilómetros do arquipélago norueguês de Svalbard, derreteu consideravelmente, passando de uma superfície de 15 quilómetros quadrados em Setembro de 2007 para 600 metros quadrados hoje, segundo a mesma fonte.
Os vinte cientistas russos que vivem na estação chegaram à placa de gelo em Setembro de 2007 e lá deviam ficar até Setembro próximo.
Um quebra-gelos russo, o Mikhail Somov, deverá partir à noite de Arkhangelsk, no Norte da Rússia, para transportar os cientistas para o continente, segundo a NRK.
in SIC Online
quarta-feira, junho 25, 2008
Associações defensoras dos animais saúdam condenação de Portugal
"As associações defensoras dos direitos dos animais saudaram esta terça-feira a condenação simbólica de Portugal devido às touradas. Estas associações esperam que a decisão ponha um termo nos touros de morte em Portugal e na Europa.
O Tribunal Internacional dos Direitos dos Animais condenou simbolicamente o ex-Presidente português, Jorge Sampaio, e o antigo primeiro-ministro e actual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, por atentados contra os direitos dos animais, nomeadamente nas touradas.
Na sentença, o tribunal acusa-os de tirarem “uma satisfação evidente da tortura de touros”, bem como o de terem permitido a abolição parcial da legislação de 1928, que protegia a morte dos touros nas arenas. No entender do tribunal, esta atitude de Portugal evidencia um retrocesso em 80 anos no que respeita à temática da protecção animal.
O Tribunal determinou ainda o encerramento das escolas de tauromaquia, o acesso interdito às praças de touros a menores de 16 anos e também solicitou ao Parlamento Europeu a realização de um referendo para que os cidadãos da União Europeia (UE) que possam pronunciar sobre a abolição desta prática."
in http://www.correiomanha.pt
O Tribunal Internacional dos Direitos dos Animais condenou simbolicamente o ex-Presidente português, Jorge Sampaio, e o antigo primeiro-ministro e actual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, por atentados contra os direitos dos animais, nomeadamente nas touradas.
Na sentença, o tribunal acusa-os de tirarem “uma satisfação evidente da tortura de touros”, bem como o de terem permitido a abolição parcial da legislação de 1928, que protegia a morte dos touros nas arenas. No entender do tribunal, esta atitude de Portugal evidencia um retrocesso em 80 anos no que respeita à temática da protecção animal.
O Tribunal determinou ainda o encerramento das escolas de tauromaquia, o acesso interdito às praças de touros a menores de 16 anos e também solicitou ao Parlamento Europeu a realização de um referendo para que os cidadãos da União Europeia (UE) que possam pronunciar sobre a abolição desta prática."
in http://www.correiomanha.pt
sábado, junho 21, 2008
domingo, abril 27, 2008
Ericeira multada pelo Estado por utilizar óleos reciclados
Estado sente-se lesado por não receber imposto dos combustíveis fósseis
Ericeira multada pelo Estado por utilizar óleos reciclados em carros do lixo
A junta de freguesia da Ericeira foi multada em sete mil euros utilizar óleos reciclados para mover os carros do lixo, em vez de comprar combustíveis fósseis, pelo que o Estado se considera lesado. O presidente da junta, citado pela TSF, já garantiu que não vai pagar a multa.
Joaquim Casado explicou que há vários anos que recorrem aos óleos usados mas que só agora a Direcção-Geral de Finanças do Ministério da Economia e a Direcção-Geral das Alfândegas o informaram da necessidade de legalizar a produção de biodiesel. “Fiz todos os esforços para me legalizar e, depois de preencher uma série de requisitos, fiquei espantado ao deparar que a quota está esgotada no país”, acrescentou o presidente da junta.
A ASAE multou, assim, a Ericeira em sete mil euros por lesar o Estado ao “deixar de comprar combustíveis fósseis”, não arrecadando este “a percentagem de 50 por cento”. Contudo, Joaquim Casado já adiantou que não vai pagar a multa, até porque a freguesia recebe apenas 55 mil euros do orçamento geral do Estado.
O presidente social-democrata já pediu ajuda a vários grupos com assento parlamentar e a várias associações ambientalistas mas obteve poucas respostas. Por agora, os carros de lixo da Ericeira deixaram de usar biodiesel.
A junta de freguesia da Ericeira afirma que foi pioneira na recolha porta-a-porta dos óleos usados que começou por entregar a uma empresa de produção de biodiesel. "Com esse dinheiro comprámos fotocopiadoras para todas as escolas do ensino básico e só mais tarde é que se avançou para a produção própria de bio-combustível", disse Joaquim Casado.
Freguesia sente-se injustiçada por ser amiga do ambiente
"A nossa imagem é reconhecida por muitas autarquias do nosso país que nos visitam e tentam seguir o exemplo dos nossos projectos", afirma o presidente da junta numa carta dirigida a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República onde denuncia o que considera "uma sanção injusta" junto de quem "tenta ser amigo do ambiente".
Segundo o autarca, a junta recolhe óleo alimentar "em todos os estabelecimentos de restauração, hotéis e escolas" tendo criado "oleões" de rua junto dos ecopontos. Mensalmente e desde há vários anos a junta de freguesia recolhe entre quatro a cinco mil litros de óleo vegetal usado. Desde Junho de 2007 os óleos são valorizados numa central de transformação onde é produzido bio-combustível e glicerina.
"O respectivo bio-combustível é utilizado em 14 viaturas da junta de freguesia, a parte restante ofertamos aos bombeiros do concelho e às instituições particulares de solidariedade social do concelho, assim como cinco litros ao cidadão comum que o queira experimentar na sua viatura", adianta o autarca social-democrata.
Com a glicerina estão a ser feitas experiências para a produção de sabão e sabonete com o objectivo de ser doado às 144 famílias carenciadas da região. "É de ficar consternado com a atitude que nos é aplicada, sem compreensão, sem apelo à preservação do ambiente, sem valorização ao produto já utilizado, visando única e simplesmente a receita financeira", conclui.
Ao mesmo tempo Joaquim Casado informa que tem em circulação uma viatura modificada que funciona através de um sistema de painéis foto-voltaicos e que utiliza energia solar. "Temos a viatura a circular diariamente sem custos com energia, que é 100 por cento ecológica. Será que teremos que pagar um imposto adicional por aproveitamento do sol?", interroga a freguesia da Ericeira."
in Publico Online
Ericeira multada pelo Estado por utilizar óleos reciclados em carros do lixo
A junta de freguesia da Ericeira foi multada em sete mil euros utilizar óleos reciclados para mover os carros do lixo, em vez de comprar combustíveis fósseis, pelo que o Estado se considera lesado. O presidente da junta, citado pela TSF, já garantiu que não vai pagar a multa.
Joaquim Casado explicou que há vários anos que recorrem aos óleos usados mas que só agora a Direcção-Geral de Finanças do Ministério da Economia e a Direcção-Geral das Alfândegas o informaram da necessidade de legalizar a produção de biodiesel. “Fiz todos os esforços para me legalizar e, depois de preencher uma série de requisitos, fiquei espantado ao deparar que a quota está esgotada no país”, acrescentou o presidente da junta.
A ASAE multou, assim, a Ericeira em sete mil euros por lesar o Estado ao “deixar de comprar combustíveis fósseis”, não arrecadando este “a percentagem de 50 por cento”. Contudo, Joaquim Casado já adiantou que não vai pagar a multa, até porque a freguesia recebe apenas 55 mil euros do orçamento geral do Estado.
O presidente social-democrata já pediu ajuda a vários grupos com assento parlamentar e a várias associações ambientalistas mas obteve poucas respostas. Por agora, os carros de lixo da Ericeira deixaram de usar biodiesel.
A junta de freguesia da Ericeira afirma que foi pioneira na recolha porta-a-porta dos óleos usados que começou por entregar a uma empresa de produção de biodiesel. "Com esse dinheiro comprámos fotocopiadoras para todas as escolas do ensino básico e só mais tarde é que se avançou para a produção própria de bio-combustível", disse Joaquim Casado.
Freguesia sente-se injustiçada por ser amiga do ambiente
"A nossa imagem é reconhecida por muitas autarquias do nosso país que nos visitam e tentam seguir o exemplo dos nossos projectos", afirma o presidente da junta numa carta dirigida a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República onde denuncia o que considera "uma sanção injusta" junto de quem "tenta ser amigo do ambiente".
Segundo o autarca, a junta recolhe óleo alimentar "em todos os estabelecimentos de restauração, hotéis e escolas" tendo criado "oleões" de rua junto dos ecopontos. Mensalmente e desde há vários anos a junta de freguesia recolhe entre quatro a cinco mil litros de óleo vegetal usado. Desde Junho de 2007 os óleos são valorizados numa central de transformação onde é produzido bio-combustível e glicerina.
"O respectivo bio-combustível é utilizado em 14 viaturas da junta de freguesia, a parte restante ofertamos aos bombeiros do concelho e às instituições particulares de solidariedade social do concelho, assim como cinco litros ao cidadão comum que o queira experimentar na sua viatura", adianta o autarca social-democrata.
Com a glicerina estão a ser feitas experiências para a produção de sabão e sabonete com o objectivo de ser doado às 144 famílias carenciadas da região. "É de ficar consternado com a atitude que nos é aplicada, sem compreensão, sem apelo à preservação do ambiente, sem valorização ao produto já utilizado, visando única e simplesmente a receita financeira", conclui.
Ao mesmo tempo Joaquim Casado informa que tem em circulação uma viatura modificada que funciona através de um sistema de painéis foto-voltaicos e que utiliza energia solar. "Temos a viatura a circular diariamente sem custos com energia, que é 100 por cento ecológica. Será que teremos que pagar um imposto adicional por aproveitamento do sol?", interroga a freguesia da Ericeira."
in Publico Online
quinta-feira, abril 17, 2008
Ministério da Economia penhorado
Cadeiras e secretárias no valor de 2.000 euros foram penhoradas ao Ministério da Economia. A penhora ordenada pelo tribunal corresponde a parte de uma dívida do Ministério a cinco funcionários ilegitimamente dispensados há três anos.
Em 2005, nove funcionários de limpeza foram dispensados pelo Ministério da Economia. A sua Direcção-geral, hoje Direcção-geral das Actividades Económicas, entendeu que os funcionários eram prestadores de serviços sem vínculo à Função Pública.
Cinco dos trabalhadores dispensados levaram o caso à Justiça. O Tribunal do Trabalho, num primeiro momento em Dezembro de 2006, e o Tribunal da Relação, depois, em Junho de 2007, deu-lhes razão.
O tribunal ordenou a reintegração coerciva no posto de trabalho e pagamento de todos os salários desde a data do despedimento ilícito. O Ministério recorreu ao Supremo, mas o recurso não foi aceite.
Cansados de esperar pelo cumprimento da decisão judicial, os funcionários entregaram no mês passado uma acção executiva. O solicitador foi à Secretaria-geral do Ministério com a ordem de penhora no valor da dívida, cerca de 70 mil euros, em bens móveis, incluindo o gabinete do ministro Manuel Pinho.
Desta vez foram penhorados bens do estado no valor de 2.000 euros. A execução continua noutro dia, até que sejam atingidos os cerca de 70 mil euros devidos.
Pressionado, o Ministério da Economia garante agora que os funcionários podem ser imediatamente readmitidos.
in sic.sapo.pt
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!
Deviam estar tão confiantes da sua habitual imunidade e agora, três anos depois e com 70mil euros para pagar, afinal o "congelamento" de novas contratações já não existe e estes cinco funcionários já podem ser "imediatamente readmitidos".
Lindo!
O que mais me chateia é que o dinheiro não é o deles.
sexta-feira, março 21, 2008
Pátria
Hoje estava a ler comentários a uma notícia num jornal online e alguém colocou a seguinte frase:
“O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade e indolência, a qualquer estado ou condição. Capaz de heroísmo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante.”
"Guerra Junqueiro na obra "Pátria".
“O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade e indolência, a qualquer estado ou condição. Capaz de heroísmo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante.”
"Guerra Junqueiro na obra "Pátria".
quarta-feira, março 19, 2008
Escritor belga Hugo Claus morreu por eutanásia
O escritor belga Hugo Claus morreu hoje num hospital de Antuérpia, aos 78 anos, depois de ter solicitado a eutanásia, por sofrer da doença de Alzheimer. Claus é autor de livros como “O desgosto da Bélgica”, “O peixe espada” e “O desejo”, avança o diário espanhol “El Mundo”.
“Claus determinou o momento da sua morte e pediu a eutanásia”, explicou a sua editora, “De Bezige Bij”, em comunicado oficial. “Em nome da sua família comunicamos que o escritor, pintor e cineasta Hugo Claus faleceu ao meio-dia no hospital Middelheim em Antuérpia”, lê-se.
O autor fez parte da editora “De Bezige Bij” durante quase cinquenta anos.
O ministro flamenco da Cultura, Bert Anciaux, afirmou que “o conhecia suficientemente bem para saber que queria morrer com orgulho e dignidade. Vamos ter saudades”.
Hugo Claus foi indicado em várias ocasiões como candidato ao Nobel da Literatura e em 1998 foi galardoado com o Grande Prémio a Literatura da Comissão Europeia.
A Bélgica é um dos três países da Uniâo Europeia que legalizou a eutanásia, juntamente com a Holanda e o Luxemburgo.
in Publico Online
Ave canta menos por estar a desaparecer
Cientistas estudam espécie de ave que "canta menos" por estar a desaparecer
A Calhandra Dupont, Chersophilus duponti, pequena ave que vive em território espanhol, está a diminuir a variedade do seu canto à medida que desaparece da natureza. Essa é a principal conclusão de uma investigação de um grupo espanhol, publicada hoje na revista "Public Library of Science" (PLoS ONE).
Os machos desta espécie, Chersophilus duponti, cantam para conquistarem as fêmeas e avisarem os outros machos da sua presença. Mas necessitam de machos adultos para aprenderem a fazê-lo.
O estudo foi realizado no Vale do Ébro por um grupo da Estación Biológica de Doñana, de Sevilha. Da Primavera de 2004 até à Primavera de 2007, durante o amanhecer e o anoitecer, eram gravados os cantos dos machos.
“Conseguimos gravar 330 machos, que são os únicos que cantam”, disse Paola Laiolo, principal autora do artigo publicado, ao jornal "El Mundo". As gravações foram feitas em 19 locais diferentes, em que as populações “iam somente de dois indivíduos até mais de 50”, sublinha a bióloga.
A unidade de canto desta ave é formada por doze sequências diferenciadas em frases, cada uma com treze notas. “As fêmeas são atraídas por estes cantos e elegem o seu par de acordo com a complexidade das canções”, diz Laiolo.
Os juvenis desta espécie aprendem as vocalizações com os machos adultos. Fazem isto durante o Verão em apenas 30 dias. No entanto, nos locais onde as populações são compostas por menos indivíduos, os juvenis perdem o reportório de cantos, notas e sequências, por não terem com quem aprender.
A investigação também concluiu que quando os jovens não têm indivíduos da mesma espécie para poderem aprender, começam a imitar outras aves que vivem nos mesmos locais.
Este fenómeno pode ser um novo indicador da biodiversidade e do estado de vulnerabilidade das populações. É uma característica que poderá ser aplicada a outras espécies, principalmente a grupos como as aves cuja presença é muitas vezes confirmada pelo canto.
Na Europa, o Chersophilus duponti já só se encontra disperso na região cantábrica de Espanha. Pensa-se que não existam mais do que 2000 machos reprodutores. A espécie já existiu em Portugal mas o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal dá-a como Regionalmente Extinta. Os outros locais onde se podem encontrar a espécie são Marrocos, Argélia e Egipto.
in Publico Online
A Calhandra Dupont, Chersophilus duponti, pequena ave que vive em território espanhol, está a diminuir a variedade do seu canto à medida que desaparece da natureza. Essa é a principal conclusão de uma investigação de um grupo espanhol, publicada hoje na revista "Public Library of Science" (PLoS ONE).
Os machos desta espécie, Chersophilus duponti, cantam para conquistarem as fêmeas e avisarem os outros machos da sua presença. Mas necessitam de machos adultos para aprenderem a fazê-lo.
O estudo foi realizado no Vale do Ébro por um grupo da Estación Biológica de Doñana, de Sevilha. Da Primavera de 2004 até à Primavera de 2007, durante o amanhecer e o anoitecer, eram gravados os cantos dos machos.
“Conseguimos gravar 330 machos, que são os únicos que cantam”, disse Paola Laiolo, principal autora do artigo publicado, ao jornal "El Mundo". As gravações foram feitas em 19 locais diferentes, em que as populações “iam somente de dois indivíduos até mais de 50”, sublinha a bióloga.
A unidade de canto desta ave é formada por doze sequências diferenciadas em frases, cada uma com treze notas. “As fêmeas são atraídas por estes cantos e elegem o seu par de acordo com a complexidade das canções”, diz Laiolo.
Os juvenis desta espécie aprendem as vocalizações com os machos adultos. Fazem isto durante o Verão em apenas 30 dias. No entanto, nos locais onde as populações são compostas por menos indivíduos, os juvenis perdem o reportório de cantos, notas e sequências, por não terem com quem aprender.
A investigação também concluiu que quando os jovens não têm indivíduos da mesma espécie para poderem aprender, começam a imitar outras aves que vivem nos mesmos locais.
Este fenómeno pode ser um novo indicador da biodiversidade e do estado de vulnerabilidade das populações. É uma característica que poderá ser aplicada a outras espécies, principalmente a grupos como as aves cuja presença é muitas vezes confirmada pelo canto.
Na Europa, o Chersophilus duponti já só se encontra disperso na região cantábrica de Espanha. Pensa-se que não existam mais do que 2000 machos reprodutores. A espécie já existiu em Portugal mas o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal dá-a como Regionalmente Extinta. Os outros locais onde se podem encontrar a espécie são Marrocos, Argélia e Egipto.
in Publico Online
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
Oscar para melhor filme de animação
O filme vencedor do Oscar para melhor animação(longa) foi o Ratatuille.
Outro filme nomeado era o Surf's Up, outro filme em 3D e depois havia outro filme de nome Persepolis, com animação 2D digital e desenhos pouco apelativos à primeira vista.
Eu não acompanho os Oscares. Acho que é um festival de cinema em que o "mérito pelo prémio" é um factor de ponderação secundário, dando prioridade aos que "já foram nomeados tantas vezes e nunca receberam, coitados!",ao "fica bem, porque o actor é estrangeiro" ou "fica bem, porque esse actor é negro" ou ao "o que é que nunca aconteceu em nenhuma cerimónia dos Oscares? Não darmos nenhum prémio a actores americanos numa gala? Vamos a isso!" ou por aí a fora(não vou sequer entrar pelo factor de escolha dos nomeados)... mas obviamente vou sabendo por aqui ou por ali que este ou aquele está nomeado e este ou aquele ganhou isto ou aquilo.
Não quero dizer que não premeiem bons profissionais ou bons filmes, mas vejo mtos ficarem sem o tal homenzinho dourado por motivos estranhos.
Voltando ao início, o Oscar para melhor filme de animação. Quanto ao Surf's Up, é mais um filme em 3D com temática e design de personagens colado ao Happy Feet... só por aí já merecia NO MINIMO estarem Os Simpsons em vez deste, mas tudo bem.
Ratuille já todos viram, se não com certeza já viram algum dos filmes da Disney/Pixar e saberão a base da históra. Tem pormenores muito bons em termos técnicos de efeitos 3D, as piadas e dramas habituais. Não é um filme nada mau, é bem giro, mas com a mesma formula que a aplicada em todos os outros filmes dessa empresa.
Qto ao Persepolis, é um filme baseado numa BD Francesa (por aí o aspecto das imagens) realizado por uma Iraniana(também autora do livro) que conta a história da vida pessoal da mesma. De pequena a adulta o filme vai evoluindo conforme a mentalidade da personagem principal. Tem humor, drama, politica, amores (e "desamores"), inocência, guerra, etc. Tem pormenores de animação muito bons. Uns detalhes só como exemplo, está excelente a animação de como as pessoas morrem ao longo do filme, várias maneiras diferentes, todas muito fortes e muito boas... ou ver ela num concerto punk com todos a dançarem como fazem realmente ou quando ela está a curtir Iron Maiden com uma raquete e a fazer head banging. Vê-se que quem animou ou sabia como era ou estudou como era.
Enfim, o vencedor foi o Ratatuille. Para mim, é ridiculo estarem a concorrer ao mesmo prémio no mesmo festival.
Outro filme nomeado era o Surf's Up, outro filme em 3D e depois havia outro filme de nome Persepolis, com animação 2D digital e desenhos pouco apelativos à primeira vista.
Eu não acompanho os Oscares. Acho que é um festival de cinema em que o "mérito pelo prémio" é um factor de ponderação secundário, dando prioridade aos que "já foram nomeados tantas vezes e nunca receberam, coitados!",ao "fica bem, porque o actor é estrangeiro" ou "fica bem, porque esse actor é negro" ou ao "o que é que nunca aconteceu em nenhuma cerimónia dos Oscares? Não darmos nenhum prémio a actores americanos numa gala? Vamos a isso!" ou por aí a fora(não vou sequer entrar pelo factor de escolha dos nomeados)... mas obviamente vou sabendo por aqui ou por ali que este ou aquele está nomeado e este ou aquele ganhou isto ou aquilo.
Não quero dizer que não premeiem bons profissionais ou bons filmes, mas vejo mtos ficarem sem o tal homenzinho dourado por motivos estranhos.
Voltando ao início, o Oscar para melhor filme de animação. Quanto ao Surf's Up, é mais um filme em 3D com temática e design de personagens colado ao Happy Feet... só por aí já merecia NO MINIMO estarem Os Simpsons em vez deste, mas tudo bem.
Ratuille já todos viram, se não com certeza já viram algum dos filmes da Disney/Pixar e saberão a base da históra. Tem pormenores muito bons em termos técnicos de efeitos 3D, as piadas e dramas habituais. Não é um filme nada mau, é bem giro, mas com a mesma formula que a aplicada em todos os outros filmes dessa empresa.
Qto ao Persepolis, é um filme baseado numa BD Francesa (por aí o aspecto das imagens) realizado por uma Iraniana(também autora do livro) que conta a história da vida pessoal da mesma. De pequena a adulta o filme vai evoluindo conforme a mentalidade da personagem principal. Tem humor, drama, politica, amores (e "desamores"), inocência, guerra, etc. Tem pormenores de animação muito bons. Uns detalhes só como exemplo, está excelente a animação de como as pessoas morrem ao longo do filme, várias maneiras diferentes, todas muito fortes e muito boas... ou ver ela num concerto punk com todos a dançarem como fazem realmente ou quando ela está a curtir Iron Maiden com uma raquete e a fazer head banging. Vê-se que quem animou ou sabia como era ou estudou como era.
Enfim, o vencedor foi o Ratatuille. Para mim, é ridiculo estarem a concorrer ao mesmo prémio no mesmo festival.
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
Alvin e Heidi Toffler
"Numa entrevista conjunta, Alvin e Heidi Toffler fazem aquilo a que estão habituados:
lançar ideias sobre o futuro. Uma das tendências é a formação de novas "e estranhas" religiões
O casal de futurólogos Alvin e Heidi Toffler esteve esta semana em Portugal, para uma conferência organizada pela Ordem dos Biólogos. A biotecnologia, disseram, vai ajudar a transformar a sociedade e a economia.
A que ponto vai a biotecnologia moldar o futuro?
Alvin Toffler: A biotecnologia é muito importante. É parte de uma quarta vaga. Mas não é a única tecnologia do futuro. Terá que ser combinada com a nanotecnologia e com a tecnologia no espaço para conseguirmos dar grandes saltos. Muitas pessoas não sabem que quando usam o multibanco, ou quando vêm televisão, estão de facto dependentes de tecnologia que está no espaço. Muitos pensam que o espaço não é importante, que é uma brincadeira, ou que é um assunto militar. Mas não é. É o início de uma parte fundamental da economia do futuro.
Em que áreas pode a biotecnologia ter mais impacto?
Heidi Toffler: Todos os países hoje têm problemas com a saúde. A genética está a ajudar a resolver muitos desses problemas. Hoje sabemos que muitas das doenças que julgávamos serem causadas por um vírus ou bactéria têm afinal uma base genética. Se conhecermos os genes que herdámos podemos intervir e, até certo ponto, mudar os nossos estilos de vida para nos tornarmos menos susceptíveis às doenças.
Os cientistas prevêem que as populações do mundo que estão a envelhecer serão muito caras, devido a doenças como a diabetes ou Alzheimer. Ainda não sabemos exactamente quais as consequências disso para a economia e para a sociedade, mas serão enormes.
A biotecnologia será característica de uma quarta vaga. Isso quer dizer que já estamos na terceira vaga que descreveram no vosso livro?
A: Não. Estamos no limiar da mudança, que vai demorar provavelmente uma geração.
H: Um dos exemplos são os jornais. Os jornais estão a assistir a um declínio da publicidade, que está a ir para a Internet. Isso é um desenvolvimento típico da terceira vaga. E a transição é o que está a causar o problema. Ainda não sabemos como nos adaptar a estas mudanças.
A: Enquanto alguém que adora a imprensa e que fica coberto de tinta preta todos os dias ao pequeno almoço e que escreveu para jornais, acho triste que a imprensa vai de facto...
H: Nós não concebemos comprar uma máquina para onde possamos descarregar as notícias. Ainda gostamos de jornais. Somos da geração errada, não lemos notícias na Internet.
A: Mas não vamos gostar dos jornais para sempre. Eu leio todos os dias, durante horas, pelo menos três jornais. Mas pergunto-me: "Porque não leio no ecrã?", como fazem muitos jovens. A resposta é que não quero estar sentado em frente ao ecrã. O fim do jornal acontecerá quando o papel for electrónico, quando o pudermos dobrar, virar e pôr no colo. O jornal é uma invenção fantástica da segunda vaga. Mas aquilo que faz é dar a todos a mesma informação. Não é personalizado.
Defendem que a personalização é uma das grandes mudanças do futuro próximo. Mas não haverá sempre produtos que precisam de ser fabricados em massa?
H: Com a ajuda dos computadores, os produtos poderão ser todos personalizados...
A: Os diferentes produtos vão fazer a transição para a personalização a velocidades diferentes. Nem tudo terá forçosamente que ser feito à medida de cada um. Mas se alguém quiser algo à medida, poderá tê-lo. Estamos a passar da produção em massa para a desmassificação. Esta desmassificação está a começar a acontecer em vários sectores da sociedade.
A Internet está a ajudar a esse fenómeno. As pessoas juntam-se online em grupos de interesses muito específicos. Isto tem tido efeitos na comunicação de massas e na política, por exemplo. Numa entrevista em 1998, o professor Toffler mostrou-se céptico quanto às comunidades online. Mantém essa posição?
A: Não sou céptico. As comunidades virtuais existem. É possível criar grupos online para todo o tipo de finalidades. São pessoas que nunca estiveram fisicamente na mesma sala, mas que se organizam. A questão é saber se essa organização pode ser transposta do ecrã do computador para outro nível, de forma a criar um movimento. Por exemplo, um movimento político. É possível criar um partido político online. Mas se quisermos fazer uma marcha... Bem, podemos marchar no ecrã, mas se queremos que as pessoas nos prestem atenção, temos que marchar à porta de casa delas.
Será que podemos transferir um movimento político, ou de outro género, de um espaço virtual e criar a mesma coisa no terreno, face-a-face? Acho que é muito difícil. Na Internet, é possível juntar pessoas de todo o mundo, mas estas não vão do Japão ou da Coreia para participar numa marcha em Washington...
É possível fazer isso a algumas escalas. Todos os candidatos à presidência americana apostaram numa forte presença online. Barack Obama tem sido bem sucedido a usar a Internet para motivar os jovens. Não é um exemplo de que os movimentos online podem passar para o mundo offline?
H: Sim, mas ele continua a ter que ir a cada Estado falar com as pessoas.
A: Penso que virá o dia em que teremos online uma experiência que será muito próxima da interacção humana...
H: Vais continuar a precisar de contacto face-a-face! Isso não pode ser substituído. Eu não me imagino sentada em casa e ter o Second Life como um substituto para a minha própria vida. É preciso termos uma vida muito má, para querermos ter um substituto artificial. Até certo ponto, é triste que haja pessoas que gastem a vida assim. O que é a vida deles?
As comunidades que se formam online são novas formas de associação. Poderão vir a substituir outras formas de associação, como as religiões ou simplesmente grupos de vizinhos?
A: Suspeito que vamos assistir ao nascimento de novas e estranhas religiões. Já há muitas religiões no mundo. Mas temos espaço para muitas mais. Pequenos grupos, e isto já aconteceu, podem criar novas versões de religiões já existentes, ou então religiões completamente novas. E há partes de religiões existentes que vão autonomizar-se. Podemos chamar-lhes quasi-religiões.
H: Pessoalmente, não me interessa o que as religiões fazem. Podem existir todos os grupos religiosos que quiserem, desde que não influenciem a política.
Essa influência existe, nomeadamente nos EUA...
A: Aconteceu durante a última administração...
H: E isso é um grande problema!
A: As igrejas fundamentalistas têm sido muito activas politicamente...
H: E decidem quem é nomeado para o Supremo Tribunal e, portanto, decidem as leis que influenciam a minha vida. Um dos elementos-chave nestas primárias é que os grupos da direita religiosa perderam poder. [Mike] Huckabee é o único que representa a direita religiosa.
A: Nós vamos votar em Obama. Não por causa do que ele promete. Os candidatos fazem promessas, mas a verdade é que é impossível para eles cumprirem as promessas que fazem. Vamos votar nele porque é um bom sinal para o mundo que a América tenha um Presidente negro. E é um candidato inteligente."
in Publico.pt
lançar ideias sobre o futuro. Uma das tendências é a formação de novas "e estranhas" religiões
O casal de futurólogos Alvin e Heidi Toffler esteve esta semana em Portugal, para uma conferência organizada pela Ordem dos Biólogos. A biotecnologia, disseram, vai ajudar a transformar a sociedade e a economia.
A que ponto vai a biotecnologia moldar o futuro?
Alvin Toffler: A biotecnologia é muito importante. É parte de uma quarta vaga. Mas não é a única tecnologia do futuro. Terá que ser combinada com a nanotecnologia e com a tecnologia no espaço para conseguirmos dar grandes saltos. Muitas pessoas não sabem que quando usam o multibanco, ou quando vêm televisão, estão de facto dependentes de tecnologia que está no espaço. Muitos pensam que o espaço não é importante, que é uma brincadeira, ou que é um assunto militar. Mas não é. É o início de uma parte fundamental da economia do futuro.
Em que áreas pode a biotecnologia ter mais impacto?
Heidi Toffler: Todos os países hoje têm problemas com a saúde. A genética está a ajudar a resolver muitos desses problemas. Hoje sabemos que muitas das doenças que julgávamos serem causadas por um vírus ou bactéria têm afinal uma base genética. Se conhecermos os genes que herdámos podemos intervir e, até certo ponto, mudar os nossos estilos de vida para nos tornarmos menos susceptíveis às doenças.
Os cientistas prevêem que as populações do mundo que estão a envelhecer serão muito caras, devido a doenças como a diabetes ou Alzheimer. Ainda não sabemos exactamente quais as consequências disso para a economia e para a sociedade, mas serão enormes.
A biotecnologia será característica de uma quarta vaga. Isso quer dizer que já estamos na terceira vaga que descreveram no vosso livro?
A: Não. Estamos no limiar da mudança, que vai demorar provavelmente uma geração.
H: Um dos exemplos são os jornais. Os jornais estão a assistir a um declínio da publicidade, que está a ir para a Internet. Isso é um desenvolvimento típico da terceira vaga. E a transição é o que está a causar o problema. Ainda não sabemos como nos adaptar a estas mudanças.
A: Enquanto alguém que adora a imprensa e que fica coberto de tinta preta todos os dias ao pequeno almoço e que escreveu para jornais, acho triste que a imprensa vai de facto...
H: Nós não concebemos comprar uma máquina para onde possamos descarregar as notícias. Ainda gostamos de jornais. Somos da geração errada, não lemos notícias na Internet.
A: Mas não vamos gostar dos jornais para sempre. Eu leio todos os dias, durante horas, pelo menos três jornais. Mas pergunto-me: "Porque não leio no ecrã?", como fazem muitos jovens. A resposta é que não quero estar sentado em frente ao ecrã. O fim do jornal acontecerá quando o papel for electrónico, quando o pudermos dobrar, virar e pôr no colo. O jornal é uma invenção fantástica da segunda vaga. Mas aquilo que faz é dar a todos a mesma informação. Não é personalizado.
Defendem que a personalização é uma das grandes mudanças do futuro próximo. Mas não haverá sempre produtos que precisam de ser fabricados em massa?
H: Com a ajuda dos computadores, os produtos poderão ser todos personalizados...
A: Os diferentes produtos vão fazer a transição para a personalização a velocidades diferentes. Nem tudo terá forçosamente que ser feito à medida de cada um. Mas se alguém quiser algo à medida, poderá tê-lo. Estamos a passar da produção em massa para a desmassificação. Esta desmassificação está a começar a acontecer em vários sectores da sociedade.
A Internet está a ajudar a esse fenómeno. As pessoas juntam-se online em grupos de interesses muito específicos. Isto tem tido efeitos na comunicação de massas e na política, por exemplo. Numa entrevista em 1998, o professor Toffler mostrou-se céptico quanto às comunidades online. Mantém essa posição?
A: Não sou céptico. As comunidades virtuais existem. É possível criar grupos online para todo o tipo de finalidades. São pessoas que nunca estiveram fisicamente na mesma sala, mas que se organizam. A questão é saber se essa organização pode ser transposta do ecrã do computador para outro nível, de forma a criar um movimento. Por exemplo, um movimento político. É possível criar um partido político online. Mas se quisermos fazer uma marcha... Bem, podemos marchar no ecrã, mas se queremos que as pessoas nos prestem atenção, temos que marchar à porta de casa delas.
Será que podemos transferir um movimento político, ou de outro género, de um espaço virtual e criar a mesma coisa no terreno, face-a-face? Acho que é muito difícil. Na Internet, é possível juntar pessoas de todo o mundo, mas estas não vão do Japão ou da Coreia para participar numa marcha em Washington...
É possível fazer isso a algumas escalas. Todos os candidatos à presidência americana apostaram numa forte presença online. Barack Obama tem sido bem sucedido a usar a Internet para motivar os jovens. Não é um exemplo de que os movimentos online podem passar para o mundo offline?
H: Sim, mas ele continua a ter que ir a cada Estado falar com as pessoas.
A: Penso que virá o dia em que teremos online uma experiência que será muito próxima da interacção humana...
H: Vais continuar a precisar de contacto face-a-face! Isso não pode ser substituído. Eu não me imagino sentada em casa e ter o Second Life como um substituto para a minha própria vida. É preciso termos uma vida muito má, para querermos ter um substituto artificial. Até certo ponto, é triste que haja pessoas que gastem a vida assim. O que é a vida deles?
As comunidades que se formam online são novas formas de associação. Poderão vir a substituir outras formas de associação, como as religiões ou simplesmente grupos de vizinhos?
A: Suspeito que vamos assistir ao nascimento de novas e estranhas religiões. Já há muitas religiões no mundo. Mas temos espaço para muitas mais. Pequenos grupos, e isto já aconteceu, podem criar novas versões de religiões já existentes, ou então religiões completamente novas. E há partes de religiões existentes que vão autonomizar-se. Podemos chamar-lhes quasi-religiões.
H: Pessoalmente, não me interessa o que as religiões fazem. Podem existir todos os grupos religiosos que quiserem, desde que não influenciem a política.
Essa influência existe, nomeadamente nos EUA...
A: Aconteceu durante a última administração...
H: E isso é um grande problema!
A: As igrejas fundamentalistas têm sido muito activas politicamente...
H: E decidem quem é nomeado para o Supremo Tribunal e, portanto, decidem as leis que influenciam a minha vida. Um dos elementos-chave nestas primárias é que os grupos da direita religiosa perderam poder. [Mike] Huckabee é o único que representa a direita religiosa.
A: Nós vamos votar em Obama. Não por causa do que ele promete. Os candidatos fazem promessas, mas a verdade é que é impossível para eles cumprirem as promessas que fazem. Vamos votar nele porque é um bom sinal para o mundo que a América tenha um Presidente negro. E é um candidato inteligente."
in Publico.pt
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Um difuso mal-estar
No seguimento de uma noticia no público online estava a ler o texto que vem a seguir e a achá-lo interessante e pensei em enviar por e-mail a alguns amigos. Qdo comecei a pensar cheguei à conclusão que eu acho que ninguém que eu conheça (que me lembre) se iría dar ao trabalho de ler isto. Assim sendo, aqui vai.
"Este é um dos muitos alertas lançados pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) - uma das mais antigas e conceituadas associações cívicas de Portugal –, num documento hoje concluido e dirigido ao país."
in Publico Online
"TOMADA DE POSIÇÃO DA SEDES
1) UM DIFUSO MAL-ESTAR
Sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional.
Nem todas as causas desse sentimento são exclusivamente portuguesas, na medida em que reflectem tendências culturais do espaço civilizacional em que nos inserimos. Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias. Não podemos, por isso, ceder à resignação sem recusarmos a liberdade com que assumimos a responsabilidade pelo nosso destino.
Assumindo o dever cívico decorrente de uma ética da responsabilidade, a SEDES entende ser oportuno chamar a atenção para os sinais de degradação da qualidade da vida cívica que, não constituindo um fenómeno inteiramente novo, estão por detrás do referido mal-estar.
2) DEGRADAÇÃO DA CONFIANÇA NO SISTEMA POLÍTICO
Ao nível político, tem-se acentuado a degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários, praticamente generalizada a todo o espectro político.
É uma situação preocupante para quem acredita que a democracia representativa é o regime que melhor assegura o bem comum de sociedades desenvolvidas. O seu eventual fracasso, com o estreitamento do papel da mediação partidária, criará um vácuo propício ao acirrar das emoções mais primárias em detrimento da razão e à consequente emergência de derivas populistas, caciquistas, personalistas, etc.
Importa, por isso, perseverar na defesa da democracia representativa e das suas instituições. E desde logo, dos partidos políticos, pilares do eficaz funcionamento de uma democracia representativa. Mas há três condições para que estes possam cumprir adequadamente o seu papel.
Têm, por um lado, de ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviço; por outro lado, a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade e o Estado, coarctando a necessária e vivificante diversidade e o dinamismo criativo; finalmente, não devem ser um objectivo em si mesmos...
É por isso preocupante ver o afunilamento da qualidade dos partidos, seja pela dificuldade em atrair e reter os cidadãos mais qualificados, seja por critérios de selecção, cada vez mais favoráveis à gestão de interesses do que à promoção da qualidade cívica. E é também preocupante assistir à tentacular expansão da influência partidária – quer na ocupação do Estado, quer na articulação com interesses da economia privada – muito para além do que deve ser o seu espaço natural.
Estas tendências são factores de empobrecimento do regime político e da qualidade da vida cívica. O que, em última instância, não deixará de se reflectir na qualidade de vida dos portugueses.
3) VALORES, JUSTIÇA E COMUNICAÇÃO SOCIAL
Outro factor de degradação da qualidade da vida política é o resultado da combinação de alguma comunicação social sensacionalista com uma justiça ineficaz. E a sensação de que a justiça também funciona por vezes subordinada a agendas políticas.
Com ou sem intencionalidade, essa combinação alimenta um estado de suspeição generalizada sobre a classe política, sem contudo conduzir a quaisquer condenações relevantes. É o pior dos mundos: sendo fácil e impune lançar suspeitas infundadas, muitas pessoas sérias e competentes afastam-se da política, empobrecendo-a; a banalização da suspeita e a incapacidade de condenar os culpados (e ilibar inocentes) favorece os mal-intencionados, diluídos na confusão. Resulta a desacreditação do sistema político e a adversa e perversa selecção dos seus agentes.
Nalguma comunicação social prolifera um jornalismo de insinuação, onde prima o sensacionalismo. Misturando-se verdades e suspeitas, coisas importantes e minudências, destroem-se impunemente reputações laboriosamente construídas, ao mesmo tempo que, banalizando o mal, se favorecem as pessoas sem escrúpulos.
Por seu lado, o Estado tem uma presença asfixiante sobre toda a sociedade, a ponto de não ser exagero considerar que é cada vez mais estreito o espaço deixado verdadeiramente livre para a iniciativa privada. Além disso, demite-se muitas vezes do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos um perigoso rasto de desconfiança.
Num ambiente de relativismo moral, é frequentemente promovida a confusão entre o que a lei não proíbe explicitamente e o que é eticamente aceitável, tentando tornar a lei no único regulador aceitável dos comportamentos sociais. Esquece-se, deliberadamente, que uma tal acepção enredaria a sociedade numa burocratizante teia legislativa e num palco de permanente litigância judicial, que acabaria por coarctar seriamente a sua funcionalidade. Não será, pois, por acaso que é precisamente na penumbra do que a lei não prevê explicitamente que proliferam comportamentos contrários ao interesse da sociedade e ao bem comum. E que é justamente nessa penumbra sem valores que medra a corrupção, um cancro que corrói a sociedade e que a justiça não alcança.
4) CRIMINALIDADE, INSEGURANÇA E EXAGEROS
A criminalidade violenta progride e cresce o sentimento de insegurança entre os cidadãos. Se é certo que Portugal ainda é um país relativamente seguro, apesar da facilidade de circulação no espaço europeu facilitar a importação da criminalidade organizada. Mas a crescente ousadia dos criminosos transmite o sentimento de que a impune experimentação vai consolidando saber e experiência na escala da violência.
Ora, para além de alguns fogachos mediáticos, não se vê uma acção consistente, da prevenção, da investigação e da justiça, para transmitir a desejada tranquilidade.
Mas enquanto subsiste uma cultura predominantemente laxista no cumprimento da lei, em áreas menos relevantes para as necessidades do bom funcionamento da sociedade emerge, por vezes, uma espécie de fundamentalismo utra-zeloso, sem sentido de proporcionalidade ou bom-senso.
Para se ter uma noção objectiva da desproporção entre os riscos que a sociedade enfrenta e o empenho do Estado para os enfrentar, calculem-se as vítimas da última década originadas por problemas relacionados com bolas de Berlim, colheres de pau, ou similares e os decorrentes da criminalidade violenta ou da circulação rodoviária e confronte-se com o zelo que o Estado visivelmente lhes dedicou.
E nesta matéria a responsabilidade pelo desproporcionado zelo utilizado recai, antes de mais, nos legisladores portugueses que transcrevem para o direito português, mecânica e por vezes levianamente, as directivas de Bruxelas.
5) APELO DA SEDES
O mal-estar e a degradação da confiança, a espiral descendente em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento. E se essa espiral descendente continuar, emergirá, mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever.
A sociedade civil pode e deve participar no desbloqueamento da eficácia do regime – para o que será necessário que este se lhe abra mais do que tem feito até aqui –, mas ele só pode partir dos seus dois pólos de poder: os partidos, com a sua emanação fundamental que é o Parlamento, e o Presidente da República.
As últimas eleições para a Câmara de Lisboa mostraram a existência de uma significativa dissociação entre os eleitores e os partidos. E uma sondagem recente deu conta de que os políticos – grupo a que se associa quase por metonímia “os partidos” – são a classe em que os portugueses menos confiam.
Este estado de coisas deve preocupar todos aqueles que se empenham verdadeiramente na coisa pública e que não podem continuar indiferentes perante a crescente dissociação entre o conceito de “res pública” e o de intervenção política!
A regeneração é necessária e tem de começar nos próprios partidos políticos, fulcro de um regime democrático representativo. Abrir-se à sociedade, promover princípios éticos de decência na vida política e na sociedade em geral, desenvolver processos de selecção que permitam atrair competências e afastar oportunismos, são parte essencial da necessária regeneração.
Os partidos estão na base da formação das políticas públicas que determinam a organização da sociedade portuguesa. Na Assembleia ou no Governo exercem um mandato ratificado pelos cidadãos, e têm a obrigação de prestar contas de forma permanente sobre o modo como o exercem.
Em geral o Estado, a esfera formal onde se forma a decisão e se gerem os negócios do país, tem de abrir urgentemente canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos em geral. Deve fazê-lo de forma clara, transparente e, sobretudo, escrutinável. Os portugueses têm de poder entender as razões que presidem à formação das políticas públicas que lhes dizem respeito.
A SEDES está naturalmente disponível para alimentar esses canais e frequentar as esferas de reflexão e diálogo que forem efectiva e produtivamente activadas.
Sedes, 21 de Fevereiro de 2008
O Conselho Coordenador
(Vitor Bento (Presidente), M. Alves Monteiro, Luís Barata, L. Campos e Cunha, João Ferreira do Amaral, Henrique Neto, F. Ribeiro Mendes, Paulo Sande, Amílcar Theias)"
"Este é um dos muitos alertas lançados pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) - uma das mais antigas e conceituadas associações cívicas de Portugal –, num documento hoje concluido e dirigido ao país."
in Publico Online
"TOMADA DE POSIÇÃO DA SEDES
1) UM DIFUSO MAL-ESTAR
Sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal-estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional.
Nem todas as causas desse sentimento são exclusivamente portuguesas, na medida em que reflectem tendências culturais do espaço civilizacional em que nos inserimos. Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias. Não podemos, por isso, ceder à resignação sem recusarmos a liberdade com que assumimos a responsabilidade pelo nosso destino.
Assumindo o dever cívico decorrente de uma ética da responsabilidade, a SEDES entende ser oportuno chamar a atenção para os sinais de degradação da qualidade da vida cívica que, não constituindo um fenómeno inteiramente novo, estão por detrás do referido mal-estar.
2) DEGRADAÇÃO DA CONFIANÇA NO SISTEMA POLÍTICO
Ao nível político, tem-se acentuado a degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários, praticamente generalizada a todo o espectro político.
É uma situação preocupante para quem acredita que a democracia representativa é o regime que melhor assegura o bem comum de sociedades desenvolvidas. O seu eventual fracasso, com o estreitamento do papel da mediação partidária, criará um vácuo propício ao acirrar das emoções mais primárias em detrimento da razão e à consequente emergência de derivas populistas, caciquistas, personalistas, etc.
Importa, por isso, perseverar na defesa da democracia representativa e das suas instituições. E desde logo, dos partidos políticos, pilares do eficaz funcionamento de uma democracia representativa. Mas há três condições para que estes possam cumprir adequadamente o seu papel.
Têm, por um lado, de ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviço; por outro lado, a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade e o Estado, coarctando a necessária e vivificante diversidade e o dinamismo criativo; finalmente, não devem ser um objectivo em si mesmos...
É por isso preocupante ver o afunilamento da qualidade dos partidos, seja pela dificuldade em atrair e reter os cidadãos mais qualificados, seja por critérios de selecção, cada vez mais favoráveis à gestão de interesses do que à promoção da qualidade cívica. E é também preocupante assistir à tentacular expansão da influência partidária – quer na ocupação do Estado, quer na articulação com interesses da economia privada – muito para além do que deve ser o seu espaço natural.
Estas tendências são factores de empobrecimento do regime político e da qualidade da vida cívica. O que, em última instância, não deixará de se reflectir na qualidade de vida dos portugueses.
3) VALORES, JUSTIÇA E COMUNICAÇÃO SOCIAL
Outro factor de degradação da qualidade da vida política é o resultado da combinação de alguma comunicação social sensacionalista com uma justiça ineficaz. E a sensação de que a justiça também funciona por vezes subordinada a agendas políticas.
Com ou sem intencionalidade, essa combinação alimenta um estado de suspeição generalizada sobre a classe política, sem contudo conduzir a quaisquer condenações relevantes. É o pior dos mundos: sendo fácil e impune lançar suspeitas infundadas, muitas pessoas sérias e competentes afastam-se da política, empobrecendo-a; a banalização da suspeita e a incapacidade de condenar os culpados (e ilibar inocentes) favorece os mal-intencionados, diluídos na confusão. Resulta a desacreditação do sistema político e a adversa e perversa selecção dos seus agentes.
Nalguma comunicação social prolifera um jornalismo de insinuação, onde prima o sensacionalismo. Misturando-se verdades e suspeitas, coisas importantes e minudências, destroem-se impunemente reputações laboriosamente construídas, ao mesmo tempo que, banalizando o mal, se favorecem as pessoas sem escrúpulos.
Por seu lado, o Estado tem uma presença asfixiante sobre toda a sociedade, a ponto de não ser exagero considerar que é cada vez mais estreito o espaço deixado verdadeiramente livre para a iniciativa privada. Além disso, demite-se muitas vezes do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos um perigoso rasto de desconfiança.
Num ambiente de relativismo moral, é frequentemente promovida a confusão entre o que a lei não proíbe explicitamente e o que é eticamente aceitável, tentando tornar a lei no único regulador aceitável dos comportamentos sociais. Esquece-se, deliberadamente, que uma tal acepção enredaria a sociedade numa burocratizante teia legislativa e num palco de permanente litigância judicial, que acabaria por coarctar seriamente a sua funcionalidade. Não será, pois, por acaso que é precisamente na penumbra do que a lei não prevê explicitamente que proliferam comportamentos contrários ao interesse da sociedade e ao bem comum. E que é justamente nessa penumbra sem valores que medra a corrupção, um cancro que corrói a sociedade e que a justiça não alcança.
4) CRIMINALIDADE, INSEGURANÇA E EXAGEROS
A criminalidade violenta progride e cresce o sentimento de insegurança entre os cidadãos. Se é certo que Portugal ainda é um país relativamente seguro, apesar da facilidade de circulação no espaço europeu facilitar a importação da criminalidade organizada. Mas a crescente ousadia dos criminosos transmite o sentimento de que a impune experimentação vai consolidando saber e experiência na escala da violência.
Ora, para além de alguns fogachos mediáticos, não se vê uma acção consistente, da prevenção, da investigação e da justiça, para transmitir a desejada tranquilidade.
Mas enquanto subsiste uma cultura predominantemente laxista no cumprimento da lei, em áreas menos relevantes para as necessidades do bom funcionamento da sociedade emerge, por vezes, uma espécie de fundamentalismo utra-zeloso, sem sentido de proporcionalidade ou bom-senso.
Para se ter uma noção objectiva da desproporção entre os riscos que a sociedade enfrenta e o empenho do Estado para os enfrentar, calculem-se as vítimas da última década originadas por problemas relacionados com bolas de Berlim, colheres de pau, ou similares e os decorrentes da criminalidade violenta ou da circulação rodoviária e confronte-se com o zelo que o Estado visivelmente lhes dedicou.
E nesta matéria a responsabilidade pelo desproporcionado zelo utilizado recai, antes de mais, nos legisladores portugueses que transcrevem para o direito português, mecânica e por vezes levianamente, as directivas de Bruxelas.
5) APELO DA SEDES
O mal-estar e a degradação da confiança, a espiral descendente em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento. E se essa espiral descendente continuar, emergirá, mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever.
A sociedade civil pode e deve participar no desbloqueamento da eficácia do regime – para o que será necessário que este se lhe abra mais do que tem feito até aqui –, mas ele só pode partir dos seus dois pólos de poder: os partidos, com a sua emanação fundamental que é o Parlamento, e o Presidente da República.
As últimas eleições para a Câmara de Lisboa mostraram a existência de uma significativa dissociação entre os eleitores e os partidos. E uma sondagem recente deu conta de que os políticos – grupo a que se associa quase por metonímia “os partidos” – são a classe em que os portugueses menos confiam.
Este estado de coisas deve preocupar todos aqueles que se empenham verdadeiramente na coisa pública e que não podem continuar indiferentes perante a crescente dissociação entre o conceito de “res pública” e o de intervenção política!
A regeneração é necessária e tem de começar nos próprios partidos políticos, fulcro de um regime democrático representativo. Abrir-se à sociedade, promover princípios éticos de decência na vida política e na sociedade em geral, desenvolver processos de selecção que permitam atrair competências e afastar oportunismos, são parte essencial da necessária regeneração.
Os partidos estão na base da formação das políticas públicas que determinam a organização da sociedade portuguesa. Na Assembleia ou no Governo exercem um mandato ratificado pelos cidadãos, e têm a obrigação de prestar contas de forma permanente sobre o modo como o exercem.
Em geral o Estado, a esfera formal onde se forma a decisão e se gerem os negócios do país, tem de abrir urgentemente canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos em geral. Deve fazê-lo de forma clara, transparente e, sobretudo, escrutinável. Os portugueses têm de poder entender as razões que presidem à formação das políticas públicas que lhes dizem respeito.
A SEDES está naturalmente disponível para alimentar esses canais e frequentar as esferas de reflexão e diálogo que forem efectiva e produtivamente activadas.
Sedes, 21 de Fevereiro de 2008
O Conselho Coordenador
(Vitor Bento (Presidente), M. Alves Monteiro, Luís Barata, L. Campos e Cunha, João Ferreira do Amaral, Henrique Neto, F. Ribeiro Mendes, Paulo Sande, Amílcar Theias)"
domingo, fevereiro 10, 2008
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